Noite de Amor e Música (ou Banquete dos Gigantes)

Noite passada, recebi amigos em casa. Eu e minha esposa preparamos o jantar enquanto nosso filho assistia desenhos na TV. Pouco a pouco, os convidados chegavam. Por volta das 19 horas, todos estavam presentes. A geladeira estava cheia: Heineken e Budweiser à vontade.

Enquanto bebíamos e comíamos, conversávamos e brincávamos. Alguém sugeriu uma 'mãozinha' de TRUCO e 4 jogadores logo se habilitaram. Alguém logo gritou com a voz esganiçada: "PARÊA É MINHA!!!". Os demais conversavam sobre os mais variados temas.

Uns falavam empolgados sobre o show do Morrissey e faziam planos para a viagem. Outros falavam sobre filmes. Brian de Palma foi bastante elogiado, e falou-se que Scarface era uma obra-prima. Alguém lembrou-se de O Poderoso Chefão e a conversa esquentou. Alguém disse que casaria tranquilamente com o Al Pacino.

Nesse momento, o rádio tocava Velvet Goldmine do David Bowie. Ou era I'll be Your Mirror do Velvet Underground. Enfim, alguém aumentou o volume e disse: "Essa merece!". Acho até que os vizinhos se irritaram quando começou a tocar Balada da Arrasada da Ângela Rô Rô, já que todos cantavam gritando em uníssono, com empolgação ímpar.

Minha esposa disse que iria colocar nosso filho na cama, apesar de ele dizer que não tinha sono. Em meia hora ela volta e senta ao meu lado, segura minha mão e me beija. A conversa agora era sobre fatos inusitados e engraçados do passado. Todos sorríamos muito, e as histórias não paravam. Coisas da escola, da universidade, bebedeiras e viagens que compartilhamos.

A conversa ganha tom mais intimista quando cada um começa a falar sobre suas famílias. Com os olhos marejados, alguém diz: "Ah se não fossem nossos pais...". Coincidência ou não, tocava Belchior. Emoção à flor da pele, juras de amor e de repente, o telefone toca. E eu acordo.