terça-feira, 20 de março de 2012

O dia que você comeu quando estava com fome

Semana passada, meu computador deu o famoso tilt! E fiquei sem internet por alguns dias. Nossa, como é chato! Como é ruim! É quase uma penitência. Concorda?

Mas... Eu sobrevivi!

E, nesse meio tempo, eu me voltei para a leitura de uma das melhores coisas que já foi escrita no ramo da nona arte: The Walking Dead. (Se você acha o seriado bom, veja as revistas e reveja seus conceitos).

E o engraçado foi que eu reparei em um detalhe que até então me passara despercebido. Na contra capa das primeiras edições americanas, estava a perturbadora frase: Qual foi a última vez que você comeu quando estava REALMENTE com fome?

Havia outras frases do tipo. (Qual foi a última vez que você dormiu quando estava REALMENTE cansado?). E isso me fez pensar. Pensar MUITO. Pensei na minha situação...

Será que eu REALMENTE preciso do meu computador? Será que ele é vital, necessário, indispensável, essencial, fundamental, básico?

Hum... E o pensamento se alargou para outras questões da minha vida.

Será que eu REALMENTE preciso dormir todas as longas horas que eu durmo? Será que eu REALMENTE tenho que comer toda vez que aparece o mínimo sinal de fome ou vejo qualquer coisa gostosa na rua? Será que eu REALMENTE preciso de todo o dinheiro que eu imagino precisar para me fazer feliz? E será que todas aquelas roupas, livros e apetrechos que se amotinam no meu quarto são REALMENTE uteis?  Será que todas as distâncias que percorro são suficientemente grandes para que eu tenha que REALMENTE percorrê-las de carro?

Hum... E o pensamento se expandiu para outras pessoas.

Será que você REALMENTE precisa fazer terapia para conhecer a si mesmo? Será que você REALMENTE precisa se associar a uma igreja para ter paz de espírito? Será que você REALMENTE precisa de um diploma para mostra o quanto você é inteligente? Ou será que REALMENTE precisa de um emprego para entender seu papel na sociedade? Será que REALMENTE precisa de todas as formalidades burocráticas do Estado para ter uma identidade social? Será que REALMENTE precisa de uma conta bancária com mais de seis dígitos para provar a si mesmo o quanto você é bem sucedido? Será que você REALMENTE precisa estudar tanto e trabalhar feito um condenado para provar para sua família e amigos o quanto você é bom? Será que você precisa MESMO vestir aquela roupinha tão decotadinha para se sentir gostosa? Será que precisa MESMO de todos os acessórios e colantes para mostrar que você finalmente assumiu sua homossexualidade? Será que REALMENTE precisa malhar cada músculo do seu corpo só para poder botar aquele biquíni no verão? Será que REALMENTE precisa ir naquele restaurante que todo mundo está comentando? Será que REALMENTE precisa levantar uma bandeira para defender uma ideia? Será que o mundo REALMENTE precisa de todos os comentários inteligentes que você tem sobre todos os assuntos que você discute com seus amigos em intermináveis noites de bebedeira?

Hum... E o pensamento se contraiu, certo de sua impotência.

Não seria mais fácil perceber que a vida é sua? Só sua? E que deve ser vivida por você e para você?

Não, não estou dizendo para você ser egoísta, anarquista, misantropo ou porra nenhuma do tipo! Mas, me diga sinceramente: quanta coisa você faz (mesmo não gostando) ou deixa de fazer (mesmo gostando) para agradar ou deixar de agradar alguém? Qual foi a última vez que você fez algo por você? Qual foi a última vez que você se concentrou no que você REALMENTE precisa?

Não existe uma “corrida humana”! Até porque se você perder, quem é que vai ganhar? Ou, pior ainda, se você ganhar, qual vai ser seu prêmio?

Não existe um lado correto na vida! Não existe uma fórmula de como vivê-la. (E nem me venha com aquela velha estória de três coisas que todo homem deve fazer na vida!).

Agora, acho que eu REALMENTE preciso acabar essas divagações, afinal, meu computador já foi concertado e acho que eu TENHO que olhar um milhão de outras coisas sem as quais eu não posso viver na internet.

E o pensamento? Não tenho tempo para ele agora!


Sobre o tema, a opinião abalizada de quem entende tudo:

9 comentários:

  1. JE eu nao sabia que tu pensava.
    Assinado: uma anonima que te odeia e tu sabe quem eh.

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    1. Boto fé que essa eu sei quem é!

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    2. Eu tenho um palpite... Mas acho que não vale à pena dar IBOPE às covardias anônimas.

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    3. uhauhuahuahua
      Nem é essas anônimas todas!

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    4. O JE sabe, a Izabel sabe, a Aline sabe... Todo mundo sabe, Macambira. Anonima foi so uma forca de espressao...
      E aih, vai rolar? 10% e uma caixa de cerveja?
      ass.: a anônima dali de cima.

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  2. Tenho pensado muito sobre isso...
    Parabéns pela postagem, fiote.

    Abraço

    Rodrigo M.

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  3. Eu passei pelo mesmo sufoco, quase 1 semana sem net em casa, e o que me ajudou a sobreviver nesse período de "abstinência" foi a net do trabalho... hehehehe cheguei até a pensar como estava ligada nesse negócio de internet, mas não aprofundei o pensamento, como você... muito bom texto! AM

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  4. não me venha com perguntas difíceis ... certas horas a inquietude das respostas não são tão bem vindas...=P

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