quarta-feira, 25 de abril de 2012

Dica de leitura: O andar do bêbado

O Andar do Bêbado - Leonard Mlodinow


A dica de leitura de hoje tem um título talvez pouco ou nada palatável para muitos, e creio que não melhore muito a primeira impressão da maioria dos leitores dizer que esse livro aborda estatística e probabilidades. Honestamente, lembro até de ter dado uma risada agradecida, mas incrédula, quando olhei a capa do presente que ganhei de um grande amigo, que disse ter achado o livro a minha cara. No entanto, esse é um daqueles livros que tentam abrir os olhos do leitor e fazê-lo pensar diversas situações da vida de modo diferente ou, usando palavras do autor, "nadar contra a corrente da intuição".  

Em essência, ele demonstra o quanto a intuição humana sempre busca a causa determinante de um evento, como se nossas mentes necessitassem de um padrão, algo que possa ser previsto. Essa maneira de pensar, mesmo útil muitas vezes, nos leva outras tantas tomarmos decisões erradas, uma vez ignoramos ou minimizamos o fato de que o acaso está presente de forma significativa em nossas vidas. 

É até engraçado perceber o quão difícil é lidar com situações que envolvem aleatoriedade. Não são poucas as pessoas que relutam em aceitar que a habilidade de um atleta ou executivo é um fator superestimado quando se considera o desempenho esportivo ou da empresa. Outro tema mencionado é a  manipulação de estatísticas por advogados de acusação que acabaram condenando pessoas inocentes à prisão.

O livro é permeado de questões (a maioria envolvendo probabilidade), sendo que um dos mais interessantes aparece no filme Quebrando a banca: em um programa de TV, você deve escolher uma dentre três portas (A, B ou C), sendo que só uma esconde o grande prêmio. Uma vez escolhida qualquer das portas (digamos que seja a porta A), o apresentador abre uma das portas não escolhidas (usemos com exemplo a C), e mostra que esta era uma das portas erradas. Em seguida, o apresentador lhe dá uma nova oportunidade - manter a porta escolhida (A) ou escolher a outra porta fechada (B). Qual seria a escolha mais inteligente: manter a escolha inicial ou trocar a porta?
As soluções apresentadas, a maior parte das vezes, são até simples, mas contrárias à nossa intuição. Isto faz do livro um convite a pensar.

Para aqueles que não gostam de estatísticas e probabilidades, há o porém de em alguns capítulos elas serem bastante utilizadas, muito embora sempre as explicações sejam apresentadas de forma acessível e bem exemplificada.

Enfim, é o tipo de livro que você deveria não só ler, mas reler de vez em quando, pra evitar que sua mente novamente fique embotada com o passar do tempo. Recomendadíssimo.

Um comentário:

  1. Achei l-i-n-d-o seu post, Gigio! Um arraso! Espero que esse seja o primeiro de muitos e muitos!

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