terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Boyhood: É isso tudo mesmo?

Pois é, minha gente, como um zumbi em The Walking Dead, como Rei do Gado nas tardes da Globo ou igual ao Enrico Maggi nas vidas da gente, o VELHO QUINCAS VOLTOU!

Num venha não....


Sem mais delongas... e contando sempre com o apoio de vocês, vamos começar a sessão ANALISANDO FILMES DO OSCAR POR UM OLHAR NADA CRÍTICO.

E a vítima da vez é....


BOYHOOD: Da infância à juventude (porque todos os títulos traduzidos tem que ter esta frase explicativa? "TITANIC: O naufrágio de um colosso", "SPARTACUS: As aventuras de um escravo muito louco", "CRASH: No limite"....), um dos filmes mais comentados do ano passado, que acaba de papar o Globo de Ouro de Melhor Filme, Melhor Diretor (Richard Linklater)  e Melhor Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette - aquelas dos dentinhos meio separados).


ANÁLISE NADA PROFISSIONAL: Quando eu assisti ao filme, não fiquei impressionado. Não me lembro de nenhuma cena impactante como aquela do Sean Penn ao ver a filha morta numa vala em "Sobre Meninos e Lobos" (que eu nunca entendi o porquê do título). Não há nada GRANDE. Entendem? Nada está lá como forma de impressionar. As coisas são até chatas às vezes, pois elas são só apresentadas. E apresentadas em recortes, como se fosse um amigo que você só vê de tempos em tempos. Nem mesmo o final (Sem Spoiler!) impressiona. As cenas do protagonista são quase todas despidas de dramaturgia: os pais se separam, ele tem problemas na escola, a namorada o deixa, um padrasto é um perfeito filho da puta com ele... e mesmo assim ele sofre (?) em silêncio. Não tem a cena da grande revelação. Não tem a hora do grande FODA-SE....

... FOI AÍ QUE EU ENTENDI A PORRA DO FILME!!!!

Minha gente, é a vida! Só a vida. Uma vida. Como a minha ou a sua. Onde as coisas acontecem de forma muitas vezes imperceptíveis. Os casamentos acabam de forma silenciosa (e isso eu sei bem). As grandes decepções amorosas nem sempre são sonorizadas com violinos dramáticos ao fundo. Na maioria das vezes, aguentamos as porradas da vida sem fazer muito alarde. Usando aqui a frase de uma música do Humberto Gessinger (que a Izabel detesta) "a vida não permite ensaios, não há raios antes do trovão". Pensem em suas vidas e se lembrem se a grande oportunidade de trabalho veio assim tão anunciada. Ou se o homem da sua vida apareceu em câmera lenta com os cabelos ao vento? A vida é mesmo tão cinematográfica assim? É tão maravilhosa assim em todos os seus momentos? Ou será que se esconde de forma discreta em pequenos instantes? Quantas vezes sua vida foi tocada por um pequeno olhar da sua mãe e não por um grande discurso à la Bill Pullman em Independence Day?

A vida é delicada e feita de pequenos instantes. Nem todos mágicos. Nem todos bons. Os fatos que mudam sua vida nem sempre vêm do espaço em grandes naves alienígenas. Muitas vezes é só um pneu furado. Ou um caminho diferente. Só com isso em mente é que esse filme merece tantos louvores. Porque é um retrato sincero de uma vida simples. E nesse sentido foi muito bem executado. A própria ideia de filmá-lo ao longo de doze anos, mostrando o envelhecer de cada ator é mesmo espetacular. Melhor do que encher o set de seres azuis num lugar exótico.

No fim, é isso. Se você quer algo grandioso e espetacular, esse não é o filme. Se você espera algo honesto, sincero e claro como a vida.... aqui é seu lugar.


2 comentários:

  1. Sempre bom ver meu amigo (?) João Eudes escrevendo!! Gostei e concordo com o que li. Abs

    ResponderExcluir
  2. Eu tive a mesma impressão. Logo depois que vi, pensei "é legal, mas não vi nada de mais. Ele poderia ter feito essa estória com 3 atores diferentes, cada um representando um período. Pra que diabo levar doze anos pra filmar isso?"
    Aos poucos eu fui digerindo o filme e percebi que essa é a grande beleza do filme. E não tem como não se sentir impactado pensando que esse cara levou mais de uma década com as mesmas pessoas (por sorte que ninguém morreu durante o processo) fazendo isso.
    Finalmente, o que eu mais gostei é que eu realmente acredito nas pequenas mudanças do dia a dia. Sei que não sou uma pessoa muito discreta, mas já percebi que minha ficção é muito Gilberto Braga. Meus personagens não têm a vida mudada depois de um encontro com uma nave espacial, como você colocou. Eles tem mais chance de algo realmente importante acontecer depois de derramar um copo na mesa.

    ResponderExcluir