Após ser sido detido por 30 horas no Aeroporto de Madri e ser deportado
sem qualquer justificativa, o artista plástico Menelaw Sete entrou em
greve de fome como forma de protesto contra o tratamento oferecido pela
Espanha a imigrantes brasileiros. Entre os últimos dias 17 e 18 de maio,
quando permaneceu preso em Madri, produziu ainda 40 desenhos nos quais
critica a atuação dos oficiais alfandegários do país.
Um dia antes da deportação, era o ministro de Relações Exteriores e
Cooperação da Espanha, José Manuel García-Margallo, que voava para Madri
após visitar o Brasil e se reunir com o chanceler Antonio Patriota. Na
ocasião, se comprometia com o Itamaraty a “trabalhar para que essas
dificuldades sejam resolvidas de forma imediata”.
Menelaw viajava para Milão, na Itália, onde participaria de uma
exposição de suas obras. Em entrevista ao jornal El País, conta que
viaja “há 15 anos pela Europa com a mesma documentação” e que “tinha um
convite para o evento”. Mais além, revelou que “não conseguiu falar com o
Consulado brasileiro” e que, no espaço de detenção, “só havia negros,
mexicanos e brasileiros”.
De volta ao Brasil, recorreu ao Consulado da Espanha em Salvador e
conseguiu ser atendido pelo cônsul Jacobo González-Arnao Campos. Pediu
então que a autoridade diplomática reunisse os meios de comunicação e
fizesse uma retratação pública sobre o caso.
O artista também conversou com o jornal O Globo e explicou que se
sentiu obrigado a aderir à causa “porque os brasileiros estão sendo
tratados de forma humilhante na Espanha”. “Minha indignação não é tão
pessoal, mas sim pela forma que tratam as pessoas”, conclui.
Questionado sobre as condições em que foi mantido, revelou que não teve
nem mesmo permissão para tomar banho durante as 30 horas que permaneceu
detido. “A comida é horrível e só podemos beber água durante as
refeições.Havia homens, mulheres e crianças. Estavam todos
desesperados”, conta.
Ele garante que os 40 quadros que pintou durante sua detenção serão
apresentados em sua próxima exposição, pois será uma forma de de
mostrar como entrar hoje na Península Ibérica tornou-se uma “questão de
sorte”.
Menelaw Sete produziu 40 telas de crítica à alfândega espanhola durante as 30 horas que permaneceu detido |
Fonte: Opera Mundi
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