quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

De volta para qual futuro?


Back To The Future Countdown


529 mil estudantes zeraram a redação do ENEM esse ano. O que aconteceu? O futuro! Computador, internet, celular com internet, facebook, whatsapp, netflix, aplicativo de banco, de entrega de encomenda, de comida, de garotx de programa, pra arrumar namoradx, pra terminar com namoradx. Tem aplicativo pra tudo, ainda não inventaram foi o robô que substitui o ser humano em suas atividades diárias. Infelizmente a gente ainda tem que comer, banhar, cagar, dormir, interagir com outra pessoa de carne e osso, de vez em quando ir no centro pagar uma conta, fazer uma prova, levantar pra pegar o controle que esqueceu do lado da televisão... O futuro resolveu inúmeros problemas com a intenção de facilitar a nossa vida, não precisamos mais procurar um telefone público pra fazer uma ligação urgente, temos o celular, a gente não precisa mais abrir uma enciclopédia pra matar uma curiosidade, o Wikipédia resolve e por aí vai.

Há tempos atrás, o auge da tecnologia era mandar uma mensagem de texto pelo celular, agora com o Whatsapp, a famosa SMS está praticamente obsoleta, assim como escrever também ficou fora de moda, em um futuro passado, “digitar” era o que havia de mais moderno, neste futuro presente em que vivemos, fazemos as coisas por comando de voz! Pra que digitar uma mensagem se você pode gravar com sua própria voz?! Mas espera! Isso não é fazer uma ligação?! Não, meu querido. Ligação também está ultrapassada. Então como é? Agora a gente usa a mensagem de voz, pequenos áudios que as pessoas usam para dizer bobagens no decorrer do dia. Epa! Alguém vai dizer, mas eu uso pra coisas importantes! Meu amigo, reflita, quantas vezes você usa pra besteira e quantas vezes você usa pra “coisas importantes”?! Se fosse tão importante assim não seria melhor fazer uma ligação old school, como nos velhos tempos? A verdade é que estamos escrevendo cada vez menos. E é óbvio que também estamos lendo menos. Pra que ler obras e mais obras se tem tudo resumido no Scribd?! Pra que se dar o trabalho de ir no Scribd, se eu posso passar o dia inteiro respondendo às trívias idiotas do buzzfeed?! Pra que me preocupar em ler e escrever se eu posso esperar que o novo doodle do Google seja um joguinho legal que com certeza irá prender a minha atenção o dia inteiro?!

E aí?! Qual é o problema das redações?! Estamos mais burros?! Acho que não, estamos desacostumados a ter desafios. Acomodados com as facilidades tecnológicas. Complacentes com a volatilidade das informações que circulam na internet, esquecemos dos fatos com a mesma velocidade que elas apareceram na tela do computador ou do smartphone. A importância da informação só dura até o momento que outra apareça, e essa não precisa ser nem tão importante ou impactante assim.

É claro que existem problemas estruturais, socioeconômicos, políticos que afetam o quadro educacional do país, mas o caos da vida moderna também contribui muito para essa situação piore ainda mais, prejudicando não só o estudante, mas toda a civilização, que diariamente depende da leitura e da escrita para se manter no curso certo da evolução.

Da série “Análises Nada Técnicas”: Garota Exemplar (concorrendo a categoria de Pior tradução de título ao lado de “Amor Sem Escalas”, “Medo.com.br”(br?) e “Encontros e Desencontros)



Eu não sei o que é “direção de arte”, não entendo nada de “enquadramento”, acho que sei mais ou menos o que é uma boa trilha sonora, mas não me pergunte mesmo o que faz um filme ganhar o Óscar de Melhor Figurino! Então, amigos, isso é uma análise NADA técnica. É só uma opinião. Como quando você prova um prato novo e acha bom ou ruim, sem querer saber o nome do peixe ou em que temperatura ele foi flambado (sempre sonhei usar essa palavra; essa e “comezinho”... mas ainda não encontrei o contexto).

Esse sorriso custou caro... Pros dois!


Garota Exemplar é um filme DOIDO. Tenso. Diferente de qualquer baboseira que o título traduzido leva a pensar. Mesmo contando com mais de duas horas de duração, passa rápido, porque desde o início lhe prende. A história caminha para rumos inesperados levados pela mente perturbada de uma mulher MUITO, mas MUITO louca MESMO. (Eu falei LOUCA?).

O diretor é o mesmo de Seven, Clube da Luta e A Rede Social. Vocês sabem quem é! O mesmo filho da mãe que produz o “House of Cards”. 

Ai, menina!


Tem o Ben Affleck e a gostosa bond-girl Rosamund Pike. Então, pelo menos bonito o filme é!



A partir de agora, o SPOILER vai rolar solto!

Quem foi que disse que o amor não fere? Não machuca? Que as pessoas que você ama não serão aquelas que mais o irão machucar? Não existe mesmo um lado negro do amor? O amor é bom como diz a Bíblia? Não se mata por amor? Não se morre de amor? Quantas vidas foram destruídas em nome do amor? Todo mundo foi feito para amar? Ou existem pessoas que não suportam a grandeza de tal sentimento? Quando dizem que o amor pode TUDO, o que exatamente eles querem dizer?

Foi isso que esse filme me fez pensar. E não faço ideia para metade dessas questões.

Em minha opinião, a Amy (esposa louca) ama o Nick. Ama mesmo. Só que de um jeito muito particular. Um jeito destrutivo certamente, mas ama. Afinal, o plano tão perfeitamente calculado dela caí por terra quando ela vê que o conseguiu humilhar e fazê-lo sentir o peso do seu amor. Ela poderia ter se sentido satisfeita com sua já bem sucedida vingança, mas preferiu o amor dela à vingança. E quer saber? Funcionou que foi uma beleza. Nunca mais na história do cinema tinha testemunhado um final onde o “mal” prevalece de forma tão fascinante (fica ali ao lado de “Jogos Mortais”). Não recomendo a ninguém a fazer o que ela fez, mas ela provou seu ponto de vista e ainda salvou seu casamento.

Ela é do mal? Bom, ela não vai concorrer ao Nobel da Paz 2015! O filme deixa em aberto se as condutas que ela teve no passado com outros namorados não foram também nocivas... Eu entendi que ela já sacaneou uns dois no passado. Mas nem eu nem o filme nos preocupamos em aprofundar a questão e nem em julgá-la. Se ela fez merda ou não no passado, para mim parece irrelevante, mas acho que ela está sendo sincera quando diz que AMA o marido dela. O problema é que ela AMA demais.

O filme mostra o quanto um casamento se baseia também em mentiras. Afinal, acredito que se você soubesse tudo sobre a vida de uma pessoa, você jamais ficaria com ela. Num trecho muito particular, a Amy dá uma definição foda sobre o que é o casamento. E me convenceu!

Achei um filme da porra! Impactante! Mas acho que as lições que ele defende não são assim tão acessíveis a todos. Fala mal do casamento, mostra outro lado do amor e até critica um pouco o quanto a mídia pode ser maldosa e pré-julgadora. 

Recomendo, mas não para corações fracos! (Ou apaixonados)

Ah, não gostei desse filme, não!!!

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Boyhood: É isso tudo mesmo?

Pois é, minha gente, como um zumbi em The Walking Dead, como Rei do Gado nas tardes da Globo ou igual ao Enrico Maggi nas vidas da gente, o VELHO QUINCAS VOLTOU!

Num venha não....


Sem mais delongas... e contando sempre com o apoio de vocês, vamos começar a sessão ANALISANDO FILMES DO OSCAR POR UM OLHAR NADA CRÍTICO.

E a vítima da vez é....


BOYHOOD: Da infância à juventude (porque todos os títulos traduzidos tem que ter esta frase explicativa? "TITANIC: O naufrágio de um colosso", "SPARTACUS: As aventuras de um escravo muito louco", "CRASH: No limite"....), um dos filmes mais comentados do ano passado, que acaba de papar o Globo de Ouro de Melhor Filme, Melhor Diretor (Richard Linklater)  e Melhor Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette - aquelas dos dentinhos meio separados).


ANÁLISE NADA PROFISSIONAL: Quando eu assisti ao filme, não fiquei impressionado. Não me lembro de nenhuma cena impactante como aquela do Sean Penn ao ver a filha morta numa vala em "Sobre Meninos e Lobos" (que eu nunca entendi o porquê do título). Não há nada GRANDE. Entendem? Nada está lá como forma de impressionar. As coisas são até chatas às vezes, pois elas são só apresentadas. E apresentadas em recortes, como se fosse um amigo que você só vê de tempos em tempos. Nem mesmo o final (Sem Spoiler!) impressiona. As cenas do protagonista são quase todas despidas de dramaturgia: os pais se separam, ele tem problemas na escola, a namorada o deixa, um padrasto é um perfeito filho da puta com ele... e mesmo assim ele sofre (?) em silêncio. Não tem a cena da grande revelação. Não tem a hora do grande FODA-SE....

... FOI AÍ QUE EU ENTENDI A PORRA DO FILME!!!!

Minha gente, é a vida! Só a vida. Uma vida. Como a minha ou a sua. Onde as coisas acontecem de forma muitas vezes imperceptíveis. Os casamentos acabam de forma silenciosa (e isso eu sei bem). As grandes decepções amorosas nem sempre são sonorizadas com violinos dramáticos ao fundo. Na maioria das vezes, aguentamos as porradas da vida sem fazer muito alarde. Usando aqui a frase de uma música do Humberto Gessinger (que a Izabel detesta) "a vida não permite ensaios, não há raios antes do trovão". Pensem em suas vidas e se lembrem se a grande oportunidade de trabalho veio assim tão anunciada. Ou se o homem da sua vida apareceu em câmera lenta com os cabelos ao vento? A vida é mesmo tão cinematográfica assim? É tão maravilhosa assim em todos os seus momentos? Ou será que se esconde de forma discreta em pequenos instantes? Quantas vezes sua vida foi tocada por um pequeno olhar da sua mãe e não por um grande discurso à la Bill Pullman em Independence Day?

A vida é delicada e feita de pequenos instantes. Nem todos mágicos. Nem todos bons. Os fatos que mudam sua vida nem sempre vêm do espaço em grandes naves alienígenas. Muitas vezes é só um pneu furado. Ou um caminho diferente. Só com isso em mente é que esse filme merece tantos louvores. Porque é um retrato sincero de uma vida simples. E nesse sentido foi muito bem executado. A própria ideia de filmá-lo ao longo de doze anos, mostrando o envelhecer de cada ator é mesmo espetacular. Melhor do que encher o set de seres azuis num lugar exótico.

No fim, é isso. Se você quer algo grandioso e espetacular, esse não é o filme. Se você espera algo honesto, sincero e claro como a vida.... aqui é seu lugar.